terça-feira, fevereiro 12, 2008

É Amor!!!

Não, não acabou.
Já desejei que tivesse acabado;
gostava de ter lavado de ti as minhas mãos e ponto final parágrafo,
mas dou por mim aqui, na tua casa,
neste sítio contigo dissimulado dentro.
Pestanejo e cá estou, jazente e escondida,
no único lugar onde sei que te tenho;
onde já te amei tantas vezes que enjoei o salitre do teu corpo;
e onde exorcizo a minha banal existência, exagerando-te e ampliando-nos.
É por isto que preciso de continuar a querer-te (porque sei que tu me queres!)
com a desmesura com que se quer nos filmes mudos,
e a escrever o arrebate das tragédias a preto e branco,
com grandes planos que são grandes demais
e gestos de amor abruptos,
como saltos de insecto ou cortes inesperados na fita.
É aqui que te esqueço e repudio
e me apaixono por ti uma e outra vez,
e onde às vezes mais não és do que uma lembrança.
Aqui,
prometo-te a eternidade adiada,
enquanto fazemos amor,
enquanto conferimos os dedos um do outro,
e as brancas no cabelo.
Aqui,
deixamos o telefone tocar e a porta bater,
e eu engulo todos os sons que não sejam o das nossas respirações em dueto.
E esqueço-me de quem sou,
querendo-te para o resto da vida
e mais um dia, e dizendo-to avidamente.
Por isso, não, não acabou:
estarei condenada, parece, a voltar aqui, a voltar a ti!
Tal como tu,
condenado a quereres-me, a desejares-me sempre,
num impulso e a uma distância sem remédio.

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