terça-feira, outubro 31, 2006

AS COISAS BOAS DA VIDA

1. Apaixonar-se.
2. Rir tanto até que as faces doam.
3. Um chuveiro quente.
4. Um supermercado sem filas.
5. Um olhar especial.
6. Receber correio.
7. Conduzir numa estrada linda.
8. Ouvir a nossa música preferida no rádio.
9. Ficar na cama a ouvir a chuva cair lá fora.
10. Toalhas quentes acabadas de serem brunhidas.
11. Encontrar a camisola que se quer em saldo a metade do preço.
12. Batido de chocolate ( baunilha ou morango).
13. Uma chamada de longa distância.
14. Um banho de espuma.
15.Rir baixinho.
16. Uma boa conversa.
17. A praia.
18. Encontrar uma nota de 20 euros no casaco pendurado desde o último inverno.
19. Rir-se de si mesmo.
20. Chamadas à meia-noite que duram horas.
21. Correr entre os jactos de água de um aspersor.
22. Rir por nenhuma razão especial.
23. Alguem que te diz que és o máximo.
24. Rir de uma anedota que vem à memória.
25. Amigos.
26. Ouvir acidentalmente alguem dizer bem de nós.
27. Acordar e verificar que ainda há algumas horas para continuar a dormir.
28. O primeiro beijo (ou mesmo o primeiro com novo parceiro).
29. Fazer novos amigos ou passar o tempo com os velhos.
30. Brincar com um cachorrinho.
31. Haver alguém a mexer-te no cabelo.
32. Belos sonhos.
33. Chocolate quente.
34. Fazer-se à estrada com os amigos.
35. Balancear-se num balancé.
36. Embrulhar presentes sob a árvore de natal comendo chocolates e bebendo a bebida favorita. 37. Letra de canções na capa do CD para podermos cantá-las sem nos sentirmos estúpidos.
38. Ir a um bom concerto.
39. Trocar um olhar com um belo/a desconhecido/a.
40. Ganhar um jogo renhido.
41. Fazer bolachas de chocolate.
42. Receber de amigos biscoitos feitos em casa.
43. Passar tempo com amigos íntimos.
44. Ver o sorriso e ouvir as gargalhadas dos amigos.
45. Andar de mão dada com quem gostamos.
46. Encontrar por acaso um velho amigo e ver que algumas coisas( boas ou más) nunca mudam.
47. Patinar sem cair.
48. Observar o contentamento de alguem que está a abrir um presente que lhe ofereceste.
49. Ver o nascer do sol.
50. Levantar-se da cama todas as manhãs e agradecer outro belo dia!

segunda-feira, outubro 30, 2006

Tanto Trabalho...

Estou mesmo cansada...

sexta-feira, outubro 27, 2006

Não, não é cansaço...

Não
Não, não é cansaço...
É uma quantidade de desilusão
Que se me entranha na espécie de pensar,
E um domingo às avessas
Do sentimento,
Um feriado passado no abismo...

Não, cansaço não é...
É eu estar existindo
E também o mundo,
Com tudo aquilo que contém,
Como tudo aquilo que nele se desdobra
E afinal é a mesma coisa variada em cópias iguais.

Não. Cansaço por quê?
É uma sensação abstrata
Da vida concreta —
Qualquer coisa como um grito
Por dar,
Qualquer coisa como uma angústia
Por sofrer,
Ou por sofrer completamente,
Ou por sofrer como...
Sim, ou por sofrer como...
Isso mesmo, como...
Como quê?...
Se soubesse, não haveria em mim este falso cansaço.
(Ai, cegos que cantam na rua,
Que formidável realejo
Que é a guitarra de um,
e a viola do outro, e a voz dela!)
Porque oiço, vejo.

Confesso: é cansaço!...

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Álvaro de Campos

quinta-feira, outubro 26, 2006

Doente BIPOLAR (pensa-se que também é o caso do Pai da Mafalda)

RESUMO
O transtorno de humor bipolar (THB) é uma patologia incurável, recorrente e crônica, sendo que inúmeros fatores de vida relacionados ao estresse demonstram influenciar o curso da doença. Devido a estes fatores, a doença está associada com grave disfunção familiar, social e ocupacional, especialmente quando o tratamento farmacológico não é realizado de forma continuada. O papel prioritário da equipe multidisciplinar no tratamento do pacientes com transtorno de humor bipolar é melhorar a aderência medicamentosa, diminuindo os riscos de recaída. Neste artigo, são apresentadas possíveis causas biopsicossociais envolvidas no surgimento e curso da doença, incluindo-se eventos de vida, meio familiar e refratariedade farmacológica. São descritas as funções da equipe multidisciplinar no tratamento da bipolaridade, avaliando-se, neste contexto, a eficácia terapêutica das diversas abordagens psicossociais em uso e as perspectivas neste campo de "intervenção preventiva".
Descritores: Transtorno bipolar/psicologia; Transtorno bipolar/terapia; Transtornos do humor; Cooperação do paciente; Recivida/prevenção & controle; Educação do paciente ; Família; Apoio social; Equipe de assistência ao paciente


Introdução
O transtorno de humor bipolar (THB) caracteriza-se como uma doença crônica, recorrente e incurável, que afeta igualmente homens e mulheres em todo o mundo. As causas do THB são multifatoriais e complexas, apresentando alterações neurobiológicas como sua principal base etiológica. A farmacoterapia é considerada o tratamento de escolha para o THB.1 Adicionalmente, fatores psicológicos e sociais, quando integrados à biologia desta doença, também podem alterar o início e o curso da mesma.2 Por exemplo, fatores genéticos têm demonstrado influenciar a capacidade de adaptação biológica (ex: neuroplasticidade) a diferentes estresses sociais, a chamada vulnerabilidade genética.3 Deste modo, visto de forma integrada, o THB pode ser considerado uma patologia endógena fortemente influenciada por fatores exógenos ou psicossociais. Na última década, tem sido demonstrado que inúmeros fatores psicossociais influenciam o surgimento do THB, incluindo-se fatores relacionados ao funcionamento social, familiar, psicológico e ocupacional. Fatores psicossociais podem contribuir de 25-30% na variação do curso da doença no THB, representados em grande parte por situações de vida.4 Inúmeros eventos de vida relacionados ao estresse têm demonstrado influenciar o curso do THB. No THB, o estresse secundário aos eventos psicossociais apresenta influência no ritmo circadiano5 e na interação social.6 Segundo Post,7 os eventos de vida apresentam impacto gradativamente menor com a evolução do THB. Como achado epidemiológico reforçando a validade deste modelo, estudos descrevem que eventos de vida relacionam-se mais fortemente com o primeiro episódio que com os subseqüentes.8
O déficit psicossocial dos pacientes com THB é severo e a melhora tem sido relacionada com bom suporte familiar e social. Os efeitos negativos na aderência ao tratamento farmacológico e prognóstico influenciado por fatores familiares envolvem a expressão negativa das emoções, o desconhecimento sobre a doença, a estigmatização do paciente e a negação da doença.9 Cerca de 1/3 dos pacientes com THB utilizam menos da metade da medicação prescrita. Este dado parece estar associado diretamente com o aumento dos índices de suicídio e hospitalização.10 Ainda, uma grande proporção dos pacientes apresenta importantes sintomas residuais entre os episódios.11 Levando-se em consideração que pacientes aderentes apresentam redução na duração da hospitalização e que abordagens psicossociais associadas a farmacoterapia apresentam os melhores resultados no tratamento do THB, esta revisão objetiva avaliar o papel da equipe multidisciplinar no manejo do THB, discutindo a eficácia das terapêuticas psicossociais já estudadas.

quarta-feira, outubro 25, 2006

O alcoolismo

O que é?O alcoolismo é o conjunto de problemas relacionados ao consumo excessivo e prolongado do álcool; é entendido como o vício de ingestão excessiva e regular de bebidas alcoólicas, e todas as conseqüências decorrentes. O alcoolismo é, portanto, um conjunto de diagnósticos. Dentro do alcoolismo existe a dependência, a abstinência, o abuso (uso excessivo, porém não continuado), intoxicação por álcool (embriaguez). Síndromes amnéstica (perdas restritas de memória), demencial, alucinatória, delirante, de humor. Distúrbios de ansiedade, sexuais, do sono e distúrbios inespecíficos. Por fim o delirium tremens, que pode ser fatal. Assim o alcoolismo é um termo genérico que indica algum problema, mas medicamente para maior precisão, é necessário apontar qual ou quais distúrbios estão presentes, pois geralmente há mais de um.

O fenômeno da Dependência (Addiction) O comportamento de repetição obedece a dois mecanismos básicos não patológicos: o reforço positivo e o reforço negativo. O reforço positivo refere-se ao comportamento de busca do prazer: quando algo é agradável a pessoa busca os mesmos estímulos para obter a mesma satisfação. O reforço negativo refere-se ao comportamento de evitação de dor ou desprazer. Quando algo é desagradável a pessoa procura os mesmos meios para evitar a dor ou desprazer, causados numa dada circunstância. A fixação de uma pessoa no comportamento de busca do álcool, obedece a esses dois mecanismos acima apresentados. No começo a busca é pelo prazer que a bebida proporciona. Depois de um período, quando a pessoa não alcança mais o prazer anteriormente obtido, não consegue mais parar porque sempre que isso é tentado surgem os sintomas desagradáveis da abstinência, e para evitá-los a pessoa mantém o uso do álcool. Os reforços positivo e negativo são mecanismos ou recursos normais que permitem às pessoas se adaptarem ao seu ambiente. As medicações hoje em uso atuam sobre essas fases: a naltrexona inibe o prazer dado pelo álcool, inibindo o reforço positivo; o acamprosato diminui o mal estar causado pela abstinência, inibindo o reforço negativo. Provavelmente, dentro de pouco tempo, teremos estudos avaliando o benefício trazido pela combinação dessas duas medicações para os dependentes de álcool que não obtiveram resultados satisfatórios com cada uma isoladamente.

Tolerância e Dependência A tolerância e a dependência ao álcool são dois eventos distintos e indissociáveis. A tolerância é a necessidade de doses maiores de álcool para a manutenção do efeito de embriaguez obtido nas primeiras doses. Se no começo uma dose de uísque era suficiente para uma leve sensação de tranqüilidade, depois de duas semanas (por exemplo) são necessárias duas doses para o mesmo efeito. Nessa situação se diz que o indivíduo está desenvolvendo tolerância ao álcool. Normalmente, à medida que se eleva a dose da bebida alcoólica para se contornar a tolerância, ela volta em doses cada vez mais altas. Aos poucos, cinco doses de uísque podem se tornar inócuas para o indivíduo que antes se embriagava com uma dose. Na prática não se observa uma total tolerância, mas de forma parcial. Um indivíduo que antes se embriagava com uma dose de uísque e passa a ter uma leve embriaguez com três doses está tolerante apesar de ter algum grau de embriaguez. O alcoólatra não pode dizer que não está tolerante ao álcool por apresentar sistematicamente um certo grau de embriaguez. O critério não é a ausência ou presença de embriaguez, mas a perda relativa do efeito da bebida. A tolerância ocorre antes da dependência. Os primeiros indícios de tolerância não significam, necessariamente, dependência, mas é o sinal claro de que a dependência não está longe. A dependência é simultânea à tolerância. A dependência será tanto mais intensa quanto mais intenso for o grau de tolerância ao álcool. Dizemos que a pessoa tornou-se dependente do álcool quando ela não tem mais forças por si própria de interromper ou diminuir o uso do álcool. O alcoólatra de "primeira viagem" sempre tem a impressão de que pode parar quando quiser e afirma: "quando eu quiser, eu paro". Essa frase geralmente encobre o alcoolismo incipiente e resistente; resistente porque o paciente nega qualquer problema relacionado ao álcool, mesmo que os outros não acreditem, ele próprio acredita na ilusão que criou. A negação do próprio alcoolismo, quando ele não é evidente ou está começando, é uma forma de defesa da auto-imagem (aquilo que a pessoa pensa de si mesma). O alcoolismo, como qualquer diagnóstico psiquiátrico, é estigmatizante. Fazer com que uma pessoa reconheça o próprio estado de dependência alcoólica, é exigir dela uma forte quebra da auto-imagem e conseqüentemente da auto-estima. Com a auto-estima enfraquecida a pessoa já não tem a mesma disposição para viver e, portanto, lutar contra a própria doença. É uma situação paradoxal para a qual não se obteve uma solução satisfatória. Dependerá da arte de conduzir cada caso particularmente, dependerá da habilidade de cada psiquiatra.

Aspectos Gerais do Alcoolismo A identificação precoce do alcoolismo geralmente é prejudicada pela negação dos pacientes quanto a sua condição de alcoólatras. Além disso, nos estágios iniciais é mais difícil fazer o diagnóstico, pois os limites entre o uso "social" e a dependência nem sempre são claros. Quando o diagnóstico é evidente e o paciente concorda em se tratar é porque já se passou muito tempo, e diversos prejuízos foram sofridos. É mais difícil de se reverter o processo. Como a maioria dos diagnósticos mentais, o alcoolismo possui um forte estigma social, e os usuários tendem a evitar esse estigma. Esta defesa natural para a preservação da auto-estima acaba trazendo atrasos na intervenção terapêutica. Para se iniciar um tratamento para o alcoolismo é necessário que o paciente preserve em níveis elevados sua auto-estima sem, contudo, negar sua condição de alcoólatra, fato muito difícil de se conseguir na prática. O profissional deve estar atento a qualquer modificação do comportamento dos pacientes no seguinte sentido: falta de diálogo com o cônjuge, freqüentes explosões temperamentais com manifestação de raiva, atitudes hostis, perda do interesse na relação conjugal. O Álcool pode ser procurado tanto para ficar sexualmente desinibido como para evitar a vida sexual. No trabalho os colegas podem notar um comportamento mais irritável do que o habitual, atrasos e mesmo faltas. Acidentes de carro passam a acontecer. Quando essas situações acontecem é sinal de que o indivíduo já perdeu o controle da bebida: pode estar travando uma luta solitária para diminuir o consumo do álcool, mas geralmente as iniciativas pessoais resultam em fracassos. As manifestações corporais costumam começar por vômitos pela manhã, dores abdominais, diarréia, gastrites, aumento do tamanho do fígado. Pequenos acidentes que provocam contusões, e outros tipos de ferimentos se tornam mais freqüentes, bem como esquecimentos mais intensos do que os lapsos que ocorrem naturalmente com qualquer um, envolvendo obrigações e deveres sociais e trabalhistas. A susceptibilidade a infecções aumenta e dependendo da predisposição de cada um, podem surgir crises convulsivas. Nos casos de dúvidas quanto ao diagnóstico, deve-se sempre avaliar incidências familiares de alcoolismo porque se sabe que a carga genética predispõe ao alcoolismo. É muito mais comum do que se imagina a coexistência de alcoolismo com outros problemas psiquiátricos prévios ou mesmo precipitante. Os transtornos de ansiedade, depressão e insônia podem levar ao alcoolismo. Tratando-se a base do problema muitas vezes se resolve o alcoolismo. Já os transtornos de personalidade tornam o tratamento mais difícil e prejudicam a obtenção de sucesso.

Tratamento do AlcoolismoO alcoolismo, essencialmente, é o desejo incontrolável de consumir bebidas alcoólicas numa quantidade prejudicial ao bebedor. O núcleo da doença é o desejo pelo álcool; há tempos isto é aceito, mas nunca se obteve uma substância psicoativa que inibisse tal desejo. Como prova de que inúmeros fracassos não desanimaram os pesquisadores, temos hoje já comprovadas, ou em fase avançada de testes, três substâncias eficazes na supressão do desejo pelo álcool, três remédios que atingem a essência do problema, que cortam o mal pela raiz. Estamos falando naltrexona, do acamprosato e da ondansetrona. O tratamento do alcoolismo não deve ser confundido com o tratamento da abstinência alcoólica. Como o organismo incorpora literalmente o álcool ao seu metabolismo, a interrupção da ingestão de álcool faz com que o corpo se ressinta: a isto chamamos abstinência que, dependendo, do tempo e da quantidade de álcool consumidos pode causar sérios problemas e até a morte nos casos não tratados. As medicações acima citadas não têm finalidade de atuar nessa fase. A abstinência já tem suas alternativas de tratamento bem estabelecidas e relativamente satisfatórias. O Dissulfiram é uma substância que força o paciente a não beber sob a pena de intenso mal estar: se isso for feito, não suprime o desejo e deixa o paciente num conflito psicológico amargo. Muitos alcoólatras morreram por não conseguirem conter o desejo pelo álcool enquanto estavam sob efeito do Dissulfiram. Mesmo sabendo o que poderia acontecer, não conseguiram evitar a combinação do álcool com o Dissulfiram, não conseguiram sequer esperar a eliminação do Dissulfiram. Fatos como esses servem para que os clínicos e os não-alcoólatras saibam o quanto é forte a inclinação para o álcool sofrida pelos alcoólatras, mais forte que a própria ameaça de morte. Serve também para medir o grau de benefício trazido pelas medicações que suprimem o desejo pelo álcool, atualmente disponíveis. Podemos fazer uma analogia para entender essa evolução. Com o Dissulfiram o paciente tem que fazer um esforço semelhante ao motorista que tenta segurar um veículo ladeira abaixo, pondo-se à frente deste, tentando impedir que o automóvel deslanche, atropelando o próprio motorista. Com as novas medicações o motorista está dentro do carro apertando o pedal do freio até que o carro chegue no fim da ladeira. Em ambos os casos, é possível chegar ao fim da ladeira (controle do alcoolismo). Numa o esforço é enorme causando grande percentagem de fracassos; noutro o esforço é pequeno, permitindo grande adesão ao tratamento. Vejamos agora algumas informações sobre as novas medicações. Naltrexona A naltrexona é uma substância conhecida há vários anos; seu uso restringia-se ao bloqueio da atividade dos opióides. É uma espécie de antídoto para a intoxicação de heroína, morfina e similares. Recentemente verificou-se que a naltrexona possui um efeito bloqueador do prazer proporcionado pelo álcool, cortando o ciclo de reforço positivo que leva e mantém o alcoolismo. A naltrexona foi a primeira substância a atingir a essência do alcoolismo: o desejo pelo consumo de álcool. Como era uma medicação conhecida quanto aos efeitos benéficos e colaterais, sua utilização para o alcoolismo foi relativamente rápida pois já se encontrava no mercado há muitos anos: bastou que se acrescentasse na bula uma nova indicação, o tratamento do alcoolismo. Os principais efeitos colaterais da naltrexona, o enjôo e o vômito não são intensos o suficiente para impedir o seu uso. Os principais efeitos da naltrexona são inibir o desejo pelo álcool e mesmo que se beba, o prazer da sensação de estar "alto" é abolido. Assim, a bebida para o alcoólatra em uso de naltrexona se torna sem graça. Como não há uma interação danosa entre Álcool e naltrexona, a naltrexona exerce uma real atividade terapêutica. Os estudos mostram que a recaída do alcoolismo é menor entre as pessoas que fazem uso de naltrexona em relação ao placebo; o baixo índice de efeitos colaterais da naltrexona permite que os pacientes adiram ao tratamento prolongado. Agora ficou mais fácil diferenciar o alcoólatra impotente perante seu vício daquele que simplesmente não quer abandonar o prazer da embriaguez. O paciente que se nega a tratar-se por perceber que a naltrexona abole o prazer é o alcoólatra por opção; aquele que adere ao tratamento era a vítima do vício. Por fim, não podemos esquecer que nem todos os pacientes se beneficiam da naltrexona, ou seja, há uma parcela da população que mesmo em uso da naltrexona mantém o prazer da bebida e nesses o tratamento é ineficaz. A naltrexona foi o primeiro e grande passo para o tratamento do alcoolismo, mas não resolveu todo o problema sozinho.Acamprosato Essa substância ao contrário da naltrexona é nova e foi criada especificamente para o tratamento do alcoolismo. Está sendo introduzida no mercado brasileiro pela Merck, mas já é usada na Europa há alguns anos. O mecanismo do acamprosato é distinto da naltrexona embora também diminua o desejo pelo álcool. O acamprosato atua mais na abstinência, reduzindo o reforço negativo deixado pela supressão do álcool naqueles que se tornaram dependentes. Podemos dizer que há basicamente dois mecanismos de manutenção da dependência química ao álcool: inicialmente há o reforço pelo estímulo positivo, pela busca de gratificação e prazer dadas pelo álcool. À medida que o indivíduo se torna tolerante às primeiras doses passa a ser necessária sua elevação para voltar a ter o mesmo prazer das primeiras doses. Nessa fase o indivíduo já é dependente e está em aprofundamento e agravamento da dependência. A bebida não dá mais prazer algum e por outro lado trouxe uma série de problemas pessoais e sociais; o alcoólatra está preso ao vício porque ao tentar interromper o consumo de álcool surgem os efeitos da abstinência. Nessa fase o alcoolista bebe não mais por prazer, mas para não sofrer os efeitos da abstinência alcoólica. É nesta fase que o acamprosato atua. Além de inibir os efeitos agudos da abstinência como os benzodiazepínicos fazem, o acamprosato inibe o desejo pelo álcool nessa fase, diminuindo as taxas de recaída para os pacientes que interromperam o consumo de álcool. A principal atividade do acamprosato é sobre os neurotransmissores gabaérgicos, taurinérgicos e glutamatérgicos, envolvidos no mecanismo da abstinência alcoólica. O acamprosato tem poucos efeitos colaterais: os principais indicados foram consufão mental leve, dificuldade de concentração, alterações das sensações nos membros inferiores, dores musculares, vertigens.Ondansetrona Esta medicação vem sendo usada e aprovada como inibidor de vômitos, principalmente nos pacientes que fazem uso de medicações que provocam fortes enjôos como alguns quimioterápicos. Está em estudo a utilização na bulimia nervosa para conter os vômitos induzidos por esses pacientes. Mais recentemente vem sendo estudado seu efeito no tratamento do álcool. Esses estudos ainda estão em fase preliminar; uma possível aprovação para o alcoolismo deverá levar talvez alguns anos. Essa medicação tem um efeito específico como antagonista do receptor serotoninégico 5-HT3. Por enquanto há poucos estudos da eficácia da Ondansetrona no alcoolismo, o que se obteve, por enquanto, é uma maior eficácia no tratamento do alcoolismo nas fases iniciais. Alcoolistas de longa data e doses altas não apresentaram resultado muito superior ao placebo. Se aprovada hoje, sua utilização recairia sobre os pacientes alcoólatras há pouco tempo. A forma de ação é parecida a da naltrexona, inibindo o reforço positivo, o prazer que o álcool dá nas fases iniciais do alcoolismo. Os pacientes que tomam Ondansetrona tendem a beber menos que o habitual. Os autores de um recente trabalho com a Ondansetrona (JAMA. 2000;284:963-971) consideraram-se frustrados com o resultado clínico obtido.

Problemas Clínicos Diversos são os problemas causados pela bebida alcoólica pesada e prolongada. Fugiria ao nosso objetivo entrar em detalhes a esse respeito, por isso abordaremos o tema superficialmente. Sistema Nervoso - Amnésias nos períodos de embriaguez acontecem em 30 a 40% das pessoas no fim da adolescência e início da terceira década de vida: provavelmente o álcool inibe algum dos sistemas de memória impedindo que a pessoa se recorde de fatos ocorridos durante o período de embriaguez. Induz a sonolência, mas o sono sob efeito do álcool não é natural, tendo sua estrutura registrada no eletroencefalograma alterado. Entre 5 e 15% dos alcoólatras apresentam neuropatia periférica. Este problema consiste num permanente estado de hipersensibilidade, dormência, formigamento nas mãos, pés ou ambos. Nas síndromes alcoólicas pode-se encontrar quase todas as patologias psiquiátricas: estados de euforia patológica, depressões, estados de ansiedade na abstinência, delírios e alucinações, perda de memória e comportamento desajustado. Sistema Gastrintestinal - Grande quantidade de álcool ingerida de uma vez pode levar a inflamação no esôfago e estômago o que pode levar a sangramentos além de enjôo, vômitos e perda de peso. Esses problemas costumam ser reversíveis, mas as varizes decorrentes de cirrose hepática além de irreversíveis, são potencialmente fatais devido ao sangramento de grande volume que pode acarretar. Pancreatites agudas e crônicas são comuns nos alcoólatras constituindo-se uma emergência à parte. A cirrose hepática é um dos problemas mais falados dos alcoólatras; é um problema irreversível e incompatível com a vida, levando o alcoólatra lentamente à morte. Câncer - Os alcoólatras estão 10 vezes mais sujeitos a qualquer forma de câncer que a população em geral. Sistema Cardiovascular - Doses elevadas por muito tempo provocam lesões no coração provocando arritmias e outros problemas como trombos e derrames conseqüentes. É relativamente comum a ocorrência de um acidente vascular cerebral após a ingestão de grande quantidade de bebida. Hormônios Sexuais - O metabolismo do álcool afeta o balanço dos hormônios reprodutivos no homem e na mulher. No homem o álcool contribui para lesões testiculares o que prejudica a produção de testosterona e a síntese de esperma. Já com cinco dias de uso contínuo de 220 gramas de álcool os efeitos acima mencionados começam a se manifestar e continua a se aprofundar com a permanência do álcool. Essa deficiência contribui para a feminilização dos homens, com o surgimento, por exemplo, de ginecomastia (presença de mamas no homem). Hormônios Tireoideanos - Não há evidências de que o alcoolismo afete diretamente os níveis dos hormônios tireoideanos. Há pacientes alcoólatras que apresentam alterações tanto para mais como para menos nos níveis desses hormônios; presume-se que quando isso ocorre seja de forma indireta por afetar outros sistemas do corpo. Hormônio do crescimento - Alterações são observadas em indivíduos que abusam de álcool, mas essas alterações não provocam problemas detectáveis como inibição do crescimento ou baixa estatura, pelo menos até o momento. Hormônio Antidiurético - Esse hormônio inibe a perda de água pelos rins, o álcool inibe esse hormônio: como resultado a pessoa perde mais água que o habitual, urina mais, o que pode levar a desidratação. Ociticina - Esse hormônio é responsável pelas contrações do útero no parto. O álcool tanto pode inibir um parto prematuro como atrapalhar um parto a termo, podendo tanto ser terapêutico como danoso. Insulina - O álcool não afeta diretamente os níveis de insulina: quando isso acontece é por causa de uma possível pancreatite que é outro processo distinto. A diminuição do açúcar no sangue não se deve a ação do álcool sobre a insulina ou sobre o glucagon (outro hormônio envolvido no metabolismo do açúcar). Gastrina - Este hormônio estimula a secreção de ácido no estômago preparando-o para a digestão. O principal estímulo para a secreção de gastrina é a presença de alimentos no estômago, principalmente as proteínas. É controverso o efeito do álcool sobre a gastrina, alguns pesquisadores dizem que o álcool não provoca sua liberação, outros dizem que provoca, o que levaria ao aumento da acidez estomacal. Podem provocar úlceras no aparelho digestivo.

Recaída A taxa de recaída (voltar a beber depois de ter se tornado dependente e parado com o uso de álcool) é muito alta: aproximadamente 90% dos alcoólatras voltam a beber nos 4 anos seguintes a interrupção, quando nenhum tratamento é feito. A semelhança com outras formas de dependência como a nicotina, tranqüilizantes, estimulantes, etc, levam a crer que um há um mecanismo psicológico (cognitivo) em comum. O dependente que consiga manter-se longe do primeiro gole terá mais chances de contornar a recaída. O aspecto central da recaída é o chamado "craving", palavra sem tradução para o português que significa uma intensa vontade de voltar a consumir uma droga pelo prazer que ela causa. O craving é a dependência psicológica propriamente dita.

As mulheres são mais vulneráveis ao álcool que os homens? Aparentemente as mulheres são mais vulneráveis sim. Elas atingem concentrações sanguíneas de álcool mais altas com as mesmas doses quando comparadas aos homens. Parece também que sob a mesma carga de álcool os órgãos das mulheres são mais prejudicados do que o dos homens. A idade onde se encontra a maior incidência de alcoolismo feminino está entre 26e 34 anos, principalmente entre mulheres separadas. Se a separação foi causa ou efeito do alcoolismo isto ainda não está claro. As conseqüências do alcoolismo sobre os órgãos são diferentes nas mulheres: elas estão mais sujeitas a cirrose hepática do que o homem. Alguns estudos mostram que o consumo moderado de álcool diário aumenta as chances de câncer de mama. Um drink por dia não afeta a incidência desse câncer.

Filhos de Alcoólatras Milhões de crianças e adolescentes convivem com algum parente alcoólatra no Brasil. As estatísticas mostram que eles estarão mais sujeitos a problemas emocionais e psiquiátricos do que a população desta faixa etária não exposta ao problema, o que de forma alguma significa que todos eles serão afetados. Na verdade 59% não desenvolvem nenhum problema. O primeiro problema que podemos citar é a baixa auto-estima e auto-imagem com conseqüentes repercussões negativas sobre o rendimento escolar e demais áreas do funcionamento mental, inclusive em testes de QI. Esses adolescentes e crianças tendem quando examinados a subestimarem suas próprias capacidades e qualidades. Outros problemas comuns em filhos e parentes de alcoólatras são persistência em mentiras, roubo, conflitos e brigas com colegas, vadiagem e problemas com o colégio.

O alcoolismo é genético? Esta pergunta bastante antiga vem sendo mais bem estudada nas últimas décadas através de estudos com gêmeos, e será mais aprofundada com o projeto genoma. A influência familiar do alcoolismo é um fato já conhecido e aceito. O que se pergunta é se o alcoolismo ocorre por influência do convívio ou por influência genética. Para responder a essa pergunta a melhor maneira é a verificação prática da influência, o que pode ser feito estudando os filhos dos alcoólatras. Estudos como esses podem investigar os gêmeos monozigóticos (idênticos) e os dizigóticos. Constatou-se que quando um dos gêmeos idênticos se torna alcoólatra o irmão se torna mais freqüentemente alcoólatra do que os irmãos gêmeos não idênticos. Essa constatação mostra a influência genética real, mas não explica porque, mesmo tendo os "gens do alcoolismo," uma pessoa não se torna alcoólatra. Os estudos familiares mostraram que a participação genética é inegável, mas apenas parcial, os demais fatores que levam ao desenvolvimento do alcoolismo não estão suficientemente claros.

Problemas Psiquiátricos Causados pelo Alcoolismo
Abuso de Álcool A pessoa que abusa de álcool não é necessariamente alcoólatra, ou seja, dependente e faz uso continuado. O critério de abuso existe para caracterizar as pessoas que eventualmente, mas recorrentemente têm problemas por causa dos exagerados consumos de álcool em curtos períodos de tempo. Critérios: para se fazer esse diagnóstico é preciso que o paciente esteja tendo problemas com álcool durante pelo menos 12 meses e ter pelo menos uma das seguintes situações: a) prejuízos significativos no trabalho, escola ou família como faltas ou negligências nos cuidados com os filhos. b) exposição a situações potencialmente perigosas como dirigir ou manipular máquinas perigosas embriagado. c) problemas legais como desacato a autoridades ou superiores. d) persistência no uso de álcool apesar do apelo das pessoas próximas em que se interrompa o uso.Dependência ao Álcool Para se fazer o diagnóstico de dependência alcoólica é necessário que o usuário venha tendo problemas decorrentes do uso de álcool durante 12 meses seguidos e preencher pelo menos 3 dos seguintes critérios: a) apresentar tolerância ao álcool -- marcante aumento da quantidade ingerida para produção do mesmo efeito obtido no início ou marcante diminuição dos sintomas de embriaguez ou outros resultantes do consumo de álcool apesar da continua ingestão de álcool. b) sinais de abstinência -- após a interrupção do consumo de álcool a pessoa passa a apresentar os seguintes sinais: sudorese excessiva, aceleração do pulso (acima de 100), tremores nas mãos, insônia, náuseas e vômitos, agitação psicomotora, ansiedade, convulsões, alucinações táteis. A reversão desses sinais com a reintrodução do álcool comprova a abstinência. Apesar do álcool "tratar" a abstinência o tratamento de fato é feito com diazepam ou clordiazepóxido dentre outras medicações. c) o dependente de álcool geralmente bebe mais do que planejava beber d) persistente desejo de voltar a beber ou incapacidade de interromper o uso. e) emprego de muito tempo para obtenção de bebida ou recuperando-se do efeito. f) persistência na bebida apesar dos problemas e prejuízos gerados como perda do emprego e das relações familiares.Abstinência alcoólica A síndrome de abstinência constitui-se no conjunto de sinais e sintomas observado nas pessoas que interrompem o uso de álcool após longo e intenso uso. As formas mais leves de abstinência se apresentam com tremores, aumento da sudorese, aceleração do pulso, insônia, náuseas e vômitos, ansiedade depois de 6 a 48 horas desde a última bebida. A síndrome de abstinência leve não precisa necessariamente surgir com todos esses sintomas, na maioria das vezes, inclusive, limita-se aos tremores, insônia e irritabilidade. A síndrome de abstinência torna-se mais perigosa com o surgimento do delirium tremens. Nesse estado o paciente apresenta confusão mental, alucinações, convulsões. Geralmente começa dentro de 48 a 96 horas a partir da ultima dose de bebida. Dada a potencial gravidade dos casos é recomendável tratar preventivamente todos os pacientes dependentes de álcool para se evitar que tais síndromes surjam. Para se fazer o diagnóstico de abstinência, é necessário que o paciente tenha pelo menos diminuído o volume de ingestão alcoólica, ou seja, mesmo não interrompendo completamente é possível surgir a abstinência. Alguns pesquisadores afirmam que as abstinências tornam-se mais graves na medida em que se repetem, ou seja, um dependente que esteja passando pela quinta ou sexta abstinência estará sofrendo os sintomas mencionados com mais intensidade, até que surja um quadro convulsivo ou de delirium tremens. As primeiras abstinências são menos intensas e perigosas.Delirium Tremens O Delirium Tremens é uma forma mais intensa e complicada da abstinência. Delirium é um diagnóstico inespecífico em psiquiatria que designa estado de confusão mental: a pessoa não sabe onde está, em que dia está, não consegue prestar atenção em nada, tem um comportamento desorganizado, sua fala é desorganizada ou ininteligível, a noite pode ficar mais agitado do que de dia. A abstinência e várias outras condições médicas não relacionadas ao alcoolismo podem causar esse problema. Como dentro do estado de delirium da abstinência alcoólica são comuns os tremores intensos ou mesmo convulsão, o nome ficou como Delirium Tremens. Um traço comum no delírio tremens, mas nem sempre presente são as alucinações táteis e visuais em que o paciente "vê" insetos ou animais asquerosos próximos ou pelo seu corpo. Esse tipo de alucinação pode levar o paciente a um estado de agitação violenta para tentar livrar-se dos animais que o atacam. Pode ocorrer também uma forma de alucinação induzida, por exemplo, o entrevistador pergunta ao paciente se está vendo as formigas andando em cima da mesa sem que nada exista e o paciente passa a ver os insetos sugeridos. O Delirim Tremens é uma condição potencialmente fatal, principalmente nos dias quentes e nos pacientes debilitados. A fatalidade quando ocorre é devida ao desequilíbrio hidro-eletrolítico do corpo. Intoxicação pelo álcool O estado de intoxicação é simplesmente a conhecida embriaguez, que normalmente é obtida voluntariamente. No estado de intoxicação a pessoa tem alteração da fala (fala arrastada), descoordenação motora, instabilidade no andar, nistagmo (ficar com olhos oscilando no plano horizontal como se estivesse lendo muito rápido), prejuízos na memória e na atenção, estupor ou coma nos casos mais extremos. Normalmente junto a essas alterações neurológicas apresenta-se um comportamento inadequado ou impróprio da pessoa que está intoxicada. Uma pessoa muito embriagada geralmente encontra-se nessa situação porque quis, uma leve intoxicação em alguém que não está habituado é aceitável por inexperiência mas não no caso de alguém que conhece seus limites.Wernicke-Korsakoff (síndrome amnéstica) Os alcoólatras "pesados" em parte (10%) desenvolvem algum problema grave de memória. Há dois desses tipos: a primeira é a chamada Síndrome Wernicke-Korsakoff (SWK) e a outra a demência alcoólica. A SWK é caracterizada por descoordenação motora, movimentos oculares rítmicos como se estivesse lendo (nistagmo) e paralisia de certos músculos oculares, provocando algo parecido ao estrabismo para quem antes não tinha nada. Além desses sinais neurológicos o paciente pode estar em confusão mental, ou se com a consciência clara, pode apresentar prejuízos evidentes na memória recente (não consegue gravar o que o examinador falou 5 minutos antes) e muitas vezes para preencher as lacunas da memória o paciente inventa histórias, a isto chamamos fabulações. Este quadro deve ser considerado uma emergência, pois requer imediata reposição da vitamina B1(tiamina) para evitar um agravamento do quadro. Os sintomas neurológicos acima citados são rapidamente revertidos com a reposição da tiamina, mas o déficit da memória pode se tornar permanente. Quando isso acontece o paciente apesar de ter a mente clara e várias outras funções mentais preservadas, torna-se uma pessoa incapaz de manter suas funções sociais e pessoais. Muitos autores referem-se a SWK como uma forma de demência, o que não está errado, mas a demência é um quadro mais abrangente, por isso preferimos o modelo americano que diferencia a SWK da demência alcoólica.Síndrome Demencial Alcoólica Esta é semelhante a demência propriamente dita como a de Alzheimer. No uso pesado e prolongado do álcool, mesmo sem a síndrome de Wernick-Korsakoff, o álcool pode provocar lesões difusas no cérebro prejudicando além da memória a capacidade de julgamento, de abstração de conceitos; a personalidade pode se alterar, o comportamento como um todo fica prejudicado. A pessoa torna-se incapaz de sustentar-se.

Síndrome de abstinência fetal A Síndrome de Abstinência Fetal descrita pela primeira vez em 1973 era considerada inicialmente uma conseqüência da desnutrição da mãe, posteriormente viu-se que os bebês das mães alcoólatras apresentavam problemas distintos dos bebês das mães desnutridas, além de outros problemas que esses não tinham. Constatou-se assim que os recém-natos das mães alcoólatras apresentam um problema específico, sendo então denominada Síndrome de Abstinência Fetal (SAF). As características da SAF são: baixo peso ao nascer, atraso no crescimento e no desenvolvimento, anormalidades neurológicas, prejuízos intelectuais, más formações do esqueleto e sistema nervoso, comportamento perturbado, modificações na pálpebra deixando os olhos mais abertos que o comum, lábio superior fino e alongado. O retardo mental e a hiperatividade são os problemas mais significativos da SAF. Mesmo não havendo retardo é comum ainda o prejuízo no aprendizado, na atenção e na memória; e também descoordenação motora, impulsividade, problemas para falar e ouvir. O déficit de aprendizado pode persistir até a idade adulta.

O estresse pode provocar alcoolismo? O estresse não determina o alcoolismo, mas estudos mostraram que pessoas submetidas a situações estressantes para as quais não encontra alternativa, tornam-se mais freqüentemente alcoólatras. O álcool possui efeito relaxante e tranqüilizante semelhante ao dos ansiolíticos. O problema é que o álcool tem muito mais efeitos colaterais que os ansiolíticos. Numa situação dessas o uso de ansiolíticos poderia prevenir o surgimento de alcoolismo. Na verdade o que se encontra é a vontade de abolir as preocupações com a embriaguez e isso os ansiolíticos não proporcionam, ou o fazem em doses que levariam ao sono. O homem quando submetido a estresse tende a procurar não a tranqüilidade, mas o prazer. Daí que a vida sexualmente promíscua muitas vezes é acompanhada de abuso de álcool e drogas. O fato de uma pessoa não encontrar uma solução para seu estresse não significa que a solução não exista. A Logoterapia, por exemplo, ajuda o paciente a encontrar um significado na sua angústia. Não suprime a fonte da angústia, mas a torna mais suportável. Quando uma dor adquire um sentido, torna-se possível contorná-la, continuar a vida com um sorriso, desde que ela não seja incapacitante. Sob esse aspecto a logoterapia pode ajudar a vencer o alcoolismo nas suas etapas iniciais, quando ainda não surgiu dependência química. Uma situação de estresse real que passamos atualmente é o desemprego. Este problema social é de difícil resolução e geralmente faz com que as pessoas se ajustem às custas de elevação da tensão emocional prolongada, que é a mesma coisa de estresse.

Alcoolismo e desnutrição As principais funções do processo alimentar são a manutenção da estrutura corporal e das necessidades energéticas diárias. Uma alimentação equilibrada proporciona o que precisamos. O álcool é uma substância bastante energética, em épocas passadas, chegou a ser usado em pacientes após cirurgias para uma reposição mais rápida da energia perdida na cirurgia. Apesar de altamente calórico o álcool não é armazenável. Não fossem os efeitos prejudiciais ao longo do tempo, o álcool seria um excelente meio de perder peso. Para que se possa entender como o álcool fornece energia e ao mesmo tempo não é armazenável é necessário entender seu mecanismo metabólico o que não será abordado aqui. Pelo fato do usuário de álcool possuir suas necessidades energéticas supridas ele não sente muita ou nenhuma fome, assim não há vontade de comer. A diminuição da oferta das substâncias (proteínas, açucares, gorduras, vitaminas e minerais) usadas na constante reconstrução dos tecidos, não interrompe o processo de destruição natural das células que estão sendo substituídas constantemente. Assim o corpo do alcoólatra começa a se consumir. Esse processo leva a desnutrição.

Testes Neuropsicológicos Os pacientes alcoólatras confirmados ao se submeterem a testes de inteligência apresentam 45 a 70% normais. Contudo, esses mesmos ao fazerem testes mais específicos em determinadas áreas do funcionamento mental, como a capacidade de resolver problemas, pensamento abstrato, desempenho psicomotor, memória e capacidade de lidar com novidades, costumam apresentar problemas. Os testes normalmente representam atividades desempenhadas diariamente e não situações especiais ou raras. Este resultado mostra que os testes superficiais deixam passar comprometimentos significativos. Os testes neuropsicológicos são mais adequados e precisos na medição de capacidades mentais comprometidas pelo álcool. Tem sido observado também que no cérebro dos alcoólatras ocorrem modificações na estrutura apresentada nos exames de tomografia ou ressonância, além de comprometimento na vascularização e nos padrões elétricos. Como esses achados são recentes, não houve tempo para se estudar a relação entre essas alterações laboratoriais e os prejuízos psicológicos que eles representam.

Efeitos do Álcool sobre o Cérebro Os resultados de exames pos-mortem (necropsia) mostram que pacientes com história de consumo prolongado e excessivo de álcool têm o cérebro menor, mais leve e encolhido do que o cérebro de pessoas sem história de alcoolismo. Esses achados continuam sendo confirmados pelos exames de imagem como a tomografia, a ressonância magnética e a tomografia por emissão de fótons. O dano físico direto do álcool sobre o cérebro é um fato já inquestionavelmente confirmado. A parte do cérebro mais afetada costumam ser o córtex pré-frontal, a região responsável pelas funções intelectuais superiores como o raciocínio, capacidade de abstração de conceitos e lógica. Os mesmos estudos que investigam as imagens do cérebro identificam uma correspondência linear entre a quantidade de álcool consumida ao longo do tempo e a extensão do dano cortical. Quanto mais álcool mais dano. Depois do córtex, regiões profundas seguem na lista de mais acometidas pelo álcool: as áreas envolvidas com a memória e o cerebelo que é a parte responsável pela coordenação motora.

O Processo Metabólico do Álcool Quando o álcool é consumido passa pelo estômago e começa a ser absorvido no intestino caindo na corrente sanguínea. Ao passar pelo fígado começa a ser metabolizado, ou seja, a ser transformado em substâncias diferentes do álcool e que não possuem os seus efeitos. A primeira substancia formada pelo álcool chama-se acetaldeído, que é depois convertido em acetado por outras enzimas, essas substâncias assim com o álcool excedente são eliminados pelos rins; as que eventualmente voltam ao fígado acabam sendo transformadas em água e gás carbônico expelido pelos pulmões. A passagem do intestino para o sangue se dá de acordo com a velocidade com que o álcool é ingerido, já o processo de degradação do álcool pelo fígado obedece a um ritmo fixo podendo ser ultrapassado pela quantidade consumida. Quando isso acontece temos a intoxicação pelo álcool, o estado de embriaguez. Isto significa que há muito álcool circulando e agindo sobre o sistema nervoso além dos outros órgãos. Como a quantidade de enzimas é regulável, um indivíduo com uso contínuo de álcool acima das necessidades estará produzindo mais enzimas metabolizadoras do álcool, tornando-se assim mais "resistente" ao álcool. A presença de alimentos no intestino lentifica a absorção do álcool. Quanto mais gordura houver no intestino mais lenta se tornará a absorção do álcool. Apesar do álcool ser altamente calórico (um grama de álcool tem 7,1 calorias; o açúcar tem 4,5), ele não fornece material estocável; assim a energia oferecida pelo álcool é utilizada enquanto ele circula ou é perdida. A famosa "barriga de chop" é dada mais pelos aperitivos que acompanham a bebida.

Consequências corporais do alcoolismo À medida que o alcoolismo avança, as repercussões sobre o corpo se agravam. Os órgãos mais atingidos são: o cérebro, trato digestivo, coração, músculos, sangue, glândulas hormonais. Como o álcool dissolve o mucus do trato digestivo, provoca irritação na camada externa de revestimento que pode acabar provocando sangramentos. A maioria dos casos de pancreatite aguda (75%) são provocados por alcoolismo. As afecções sobre o fígado podem ir de uma simples degeneração gordurosa à cirrose que é um processo irreversível e incompatível com a vida. O desenvolvimento de patologias cardíacas pode levar 10 anos por abusos de álcool e ao contrário da cirrose pode ser revertida com a interrupção do vício. Os alcoólatras tornam-se mais susceptíveis a infecções porque suas células de defesas são em menor número. O álcool interfere diretamente com a função sexual masculina, com infertilidade por atrofia das células produtoras de testosterona, e diminuição dos hormônios masculinos. O predomínio dos hormônios femininos nos alcoólatras do sexo masculino leva ao surgimento de características físicas femininas como o aumento da mama (ginecomastia). O álcool pode afetar o desejo sexual e levar a impotência por danos causados nos nervos ligados a ereção. Nas mulheres o álcool pode afetar a produção hormonal feminina, levando diminuição da menstruação, infertilidade e afetando as características sexuais femininas.

terça-feira, outubro 24, 2006

uma despedida "forçada"...

...a qual espero ser breve.

Neste momento estou a atravessar uma grande mudança na minha vida, provavelmente uma das maiores e que vai influenciar todo o percurso que a mesma tomar a partir de agora.

Mas é isso que faz a vida, as nossas escolhas, e nós somos aquilo que escolhemos (ou que pelo menos conseguimos e temos hipótese de escolher). Eu fiz as minhas...o futuro dirá se foram as mais correctas. Pensamos sempre que sim e por isso tentamos fazer com que tudo corra sempre bem.

Por isso resolvi que toda a minha estrutura e base se vão manter, pois foram elas que fizeram de mim o que sou, mas vou mudar fisicamente toda a minha envolvência.

Decidi cortar relações com a madrinha da minha filha, que se dizia a minha melhor amiga, e irmã, esta pessoa a quem eu confiei os meus segredos e aflições, a minha vida, a minha filha ( que aos poucos também afastarei, deste mau exemplo), e que me trái, me mente, e me continua a querer enganar...está grávida de dois meses e meio do meu ex-marido, um bêbedo, que tanto mal me fez, física e psicológicamente, e ela que a tantas "coisas" assistiu e chorou do meu lado..., enfim... esta "separação" será como mais uma força para o resto da vida, como foi quando me divorciei dele, mudei tudo, recomecei a partir do zero, mudei de ambiente, fiz novas amizades, mudei de área profissional, mudei-me a mim ao valorizar-me mais, e também agora vou voltar a crescer e a aprender a ser mais eu.

A decepção é enorme, mas a ansiedade é grande e o desafio também, mas o prazer de experimentar todas estas forças, que me aparecem não sei de onde, isso sim, é ainda maior.

No entanto, o meu coração está ferido, mas tenho a minha família e os meus verdadeiros amigos do meu lado, o meu Luis tem sido tudo aquilo que sempre desejei, e só lhe posso agradecer, a ele e a todos vocês... obrigada, "...até já..."

E até lá..."façam o favor de serem felizes".

Eu prometo que tento ser!

segunda-feira, outubro 23, 2006

Tempo é vida, não dinheiro

Quais são os cinco maiores problemas que enfrentamos no nosso dia-a-dia? Pare e pense por alguns instantes e faça a sua lista.
Se na sua lista constou: falta de dinheiro, problemas de relacionamento, competição forte, atracção ou retenção de clientes, colaboradores mais comprometidos ou qualquer outro factor, saiba que você não está errado. No entanto, um elemento não pode faltar, o tão precioso, temido e desejado tempo. Sim, tempo…Ainda impera a máxima de que tempo é dinheiro, que temos de correr sempre e cada vez mais rápido para conseguirmos “dar conta” de tudo.Nesse ímpeto desenfreado de conseguir dinheiro, ser adequados, competitivos e capazes de responder às exigências do dia-a-dia, acabamos relegando a segundo plano as coisas mais importantes como família, amigos e, sobretudo, qualidade de vida.
Na raiz de tudo o que fazemos, o que realmente queremos é a qualidade de vida, tão maltratada e muitas vezes esquecida. Castigamos o nosso corpo e a nossa mente na busca de uma vida melhor e esquecemo-nos de aproveitar as conquistas, de saborear cada passo dado em direcção à vida que desejamos.
Ouve-se sempre, “preciso dar o máximo agora, para poder usufruir amanhã” ou “se eu não fizer, outro faz e não posso ficar para trás” ou ainda “preciso correr senão vou me tramar”. Na maioria das vezes, perdemos de vista os nossos próprios propósitos e levamos uma vida cansativa, stressante, sem perceber se estamos ou não realmente caminhando.
É fundamental entender que existe tempo para tudo, existe tempo para a família, para o descanso, o lazer, o trabalho, e que uma coisa não pode ser deixada de lado para compensar outra. Afinal, o conjunto é que determina a nossa qualidade de vida.O pior é que enquanto estamos a trabalhar, concentramo-nos no trabalho, no entanto, quando estamos em momentos de lazer, estamos preocupados com trabalho, quando vamos ao cinema, estamo-nos a lembrar da pendência que ficou para segunda-feira e assim por diante. Desligamo-nos de tudo, menos do trabalho.
O mais engraçado é que somos afectados não somente pelo nosso próprio tempo e ritmo, tornamo-nos dependentes do tempo e do ritmo dos outros também. Pois é, outras pessoas, com a sua organização ou a falta dela, também influenciam as nossas vidas.

sexta-feira, outubro 20, 2006

não adies...

não adies. faz o que é preciso fazer, quando é necessário que seja feito
recosta-te e olha para as estrelas
não cortes o que pode ser desatado
não desistas do que te propuseste fazer. quem tem grandes sonhos é mais forte do que quem tem todas as realidades
tenta ter sempre algo de belo diante dos olhos...nem que seja uma rosa num frasco de compota
trata as pessoas como gostarias que elas te tratassem
ensina algo a quem quer aprender
nunca tires a esperança a uma pessoa...pode ser a única coisa que ela tem
aprende a ouvir. às vezes as oportunidades chegam sem fazer barulho

quinta-feira, outubro 19, 2006

amanhã...

é já amanhã...(apesar de já ter chegado hoje)

não sei o que pensar
não sei o que sentir
não sei o que escrever
não sei o que fazer

P.S. - porque é que os crescidos às vezes são tão maus, não é suposto os adultos serem um bom exemplo?

quarta-feira, outubro 18, 2006

ABORTO

e eu não vou ter paciência para ouvir, de novo, de um lado e de outro, posições extremadas.Nestas matérias de valores individuais, de valores morais, o bom senso nunca impera. Caso este referendo opte pelo sim, na prática, pouco muda na vida das mulheres. As que optarem por fazer um aborto continuarão a fazê-lo. As que não o quiserem fazer, não farão. Mas muda uma coisa importante. Quem tiver de fazer um aborto, pode fazê-lo de uma forma digna. Não vai necessitar de telefonar a marcar "o tratamento", responder a perguntas codificadas, tudo no maior dos segredos como se tivesse a transaccionar uma qualquer mercadoria ilícita. Pode chegar e sair da clínica, sem ter de olhar para trás, por cima do ombro. Pode pagar com cheque ou cartão, ao invés daquele molho de notas que não deixa rasto. O que se pretende, com este referendo, é descriminalizar. E deixem-se de hipocrisias, senhores deputados. Podem escrever na pergunta do referendo ABORTO em vez de Interrupção Voluntária de Gravidez ou LIBERALIZAÇÂO em vez de despenalização. Os eleitores sabem o que querem e não se deixam enganar. O anúncio, hoje, exactamente hoje, da possível abertura de uma filial da Clínica dos Arcos em Lisboa, também não me parece isenta de segundas intenções. Até já estou a ouvir - " Vai começar a carnificina, ao abrigo da lei."
A pergunta que se propõe para o referendo é:Concorda com a despenalização da interrupção oluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras dez semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?
SIM

terça-feira, outubro 17, 2006

TRAIÇÃO DE UMA AMIZADE

VERDADEIRA AMIZADE
Costuma-se dizer que ninguém pode escolher a família em que nasce. Mas é possível seleccionar os amigos, que são como a extensão da vida. A amizade, um dos sentimentos mais nobres que existem, nasce de forma espontânea, pura e vai se desenvolvendo até chegar à maturidade. Caracteriza-se por uma afinidade muito grande com alguém, baseada no amor, no carinho, na ternura, no respeito, na compreensão, na troca e na ajuda. É um sentimento muito sincero, que não depende da idade, de dinheiro e de posição social. O amigo é um dom precioso. A própria Bíblia diz que "quem encontrou um amigo encontrou um tesouro". A amizade é um sentimento limpo,verdadeiro e profundo. Instiga a pessoa ao apoio e ao incentivo, quando as coisas estão bem. E à correcção, com muito jeito e carinho, quando estão erradas. Amigo é aquele que está sempre presente, que adivinha o pensamento do outro, sem melindrá-lo; que é sincero e faz da amizade um ponto positivo na vida. No relacionamento diário, entra-se em contacto com muitas pessoas. Mas o amigo torna-se alguém diferente, especial e único. E visto com outros olhos - uma pessoa por quem a gente torce, vibra e sofre. Está presente nos bons e nos maus momentos; é amado e tratado com muita sinceridade. Além da afinidade, a amizade sólida baseia-se no convívio, na compreensão e na manifestação desses sentimentos profundos. Por essa razão, é um processo. Não nasce pronta. A relação deve ser construída e trabalhada dia a dia, por ambas as partes, porque exige reciprocidade. É como cultivar uma planta que, se não for regada com frequência, morre. A amizade, quando não cultivada, desfalece, esfria e acaba. Quem gosta de outra pessoa não deve ter orgulho. Quando se é amigo, releva-se os defeitos e até o génio difícil e a impaciência do outro. A compreensão é uma característica da amizade. Os sentimentos são livres e descontraídos, expressos sem cobranças. Numa grande amizade, as pessoas são fiéis. Ao amigo fazem-se confidências, que, às vezes, não foram feitas a ninguém. Há uma entrega do que se é, pois não há traição nem mesquinharias. O amigo está sempre pronto para tudo e pode-se contar com ele em qualquer momento ou situação da vida. Mais que um irmão, o amigo é a oportunidade que Deus dá a cada um para encontrar sua metade. Com ele, a pessoa pode revelar-se verdadeiramente: dizer não, sem medo de ferir; sim, sem medo de bajular; e as verdades, sem medo de ofender. Isso porque se acredita na amizade, por ela ser isenta de paixão. Num relacionamento assim, não existe inveja, orgulho, rancor ou grandes mágoas. A verdadeira amizade é eterna, como o amor. Com o amigo, inexiste a censura e o medo de ser por ele conhecido a fundo. Nesse relacionamento, tudo vem à tona: as fraquezas, os limites, os defeitos, mas também as grandezas de alma e os aspectos positivos. Tudo é aceite, partilhado e vivido para o crescimento de ambos. A amizade é uma ligação espiritual, que deixa a impressão de que sempre se conheceu o amigo. Isso ocorre porque ele preenche a outra metade da pessoa. Da mesma forma que se encontra o amor, encontra-se também o amigo. Trata-se de uma preferência de identificação, de carinho, de ternura e de vontades. Actualmente, existem poucas pessoas que têm amigos e se fazem amigos. Há, também, as que vivem no seu próprio mundo, em que ninguém entra. Outras, por timidez, insegurança ou desconfiança, temem arriscar, privando-se de uma das melhores coisas que Deus criou. Aqueles que são profundamente infelizes com certeza não conseguiram experimentar a alegriade uma verdadeira amizade. Não se abriram para o outro e morrerão sufocados pelo seu egoísmo. A infelicidade existente no mundo resulta da incapacidade de as pessoas criarem vínculos de amizade e confiarem nas outras. Elas pensamsó em si mesmas, revelando um egoísmo exacerbado. Não se dão ao trabalho detentar construir uma amizade. Não se arriscam. Preferem ficar sozinhas. Há uma carência de sentimentos positivos relacionados às outras pessoas. Porque é tão difícil alguém encontrar o lado positivo do outro? Quando os homens descobrirem o valor da amizade, a vida tornar-se-á melhor, porque vale a pena sentir a felicidade de contar incondicionalmente com alguém.
O que mantém uma amizade?
Há várias razões que motivam a manutenção dela e estas, por sua vez, dependem também dos motivos que originaram esta amizade.
Existem vários tipos de amizade, desde aquela onde apenas trocamos um "bom dia, boa tarde" e mantemos uma certa formalidade, à amiga com a qual passamos horas trocando receitas culinárias, dicas de limpeza ou de artesanato, às amigas que servem de companhia para passeios, festas e baladas pois são divertidas, às amigas que ficam com os nossos filhos ou que recebem as correspondências quando saímos, às amigas com as quais trocamos confidências e que sabem de nossos maiores segredos e até aquela amiga silenciosa que nos faz companhia quando não queremos ficar sozinhas, entre tantos outros tipos de amizade.
Até que ponto vale a pena sermos sinceras com as amigas?
E de que sinceridade estamos a falar? Vale a pena contar a amiga que o seu parceiro a está a trair? Ou que está a ser traida por uma amiga? Se for uma amiga de verdade, daquelas confidentes, ela está com um problema pela frente! Afinal, há até um ditado popular dizendo que "não se deve meter a colher em briga de marido e mulher". Mas como se sente a amiga que sabe deste facto? Se ela relata o ocorrido, ela imagina que pode perder a amizade! E se esta amizade tem uma grande importância para ela então, ela fica com uma dúvida enorme: "contar ou não contar?" O sentimento que permeia a pessoa que sabe da traição é de medo, ela fica ansiosa, pode perder noites de sono, ficar agitada e até pode mudar seu comportamento com a amiga para evitar que ela perceba o seu conflito entre querer contar e, ao mesmo tempo, de querer ocultar o que sabe por medo de perder a amizade.
AMIGA DE VERDADE: Ela entra num conflito muito grande entre contar ou não contar o que sabe. Tudo vai depender de como ela vai avaliar os riscos de contar ou não e quais seriam as perdas e ganhos de relatar este facto.
Ganhos: Estreitar ainda mais os laços de amizade devido a sua sinceridade
Perdas: Perder a amizade de uma vez por todas ou então manter depois uma amizade diferente daquela que ela tinha antes do facto relatado.
E como saber se ela ganha ou perde com sua sinceridade? Avaliando as possíveis reacções da sua amiga ao receber a notícia que podem variar do descrédito total até acreditar piamente no relato; além disso ela pode considerar a notícia como uma simples intriga provavelmente por pura inveja do "lindo relacionamento que ela tem", pode até pensar que a delatora está a fim do seu marido, criando um clima de desconfiança inicial que, no decorrer do tempo, pode levar à separação ou mesmo supor que a amiga não "está bem da cabeça" ou que está relatando o facto porque não tem sequer um namorado... Mas se ela não acreditar na amiga e pensar alguma destas coisas, certamente ela não é uma amiga de verdade, é uma amiga de "fachada", a famosa “amiga da onça”.
"AMIGA DA ONÇA": Se ela for uma "amiga da onça", aquela amiga invejosa mesmo, que tem por objectivo "ver o circo pegar fogo", essa não terá conflitos em relatar o que sabe, exactamente porque vai ter prazer em ver a reacção de sofrimento da amiga ao saber do facto.
Não nos podemos esquecer da reacção de uma pessoa que se descobre sendo traída pela pessoa amada: pode ser de revolta ("como ele pode ter feito uma coisa dessas comigo?"), de descrédito ("eu não acredito que ele possa ter feito isso comigo"), de considerar-se culpada pela traição ("eu devo ter errado em alguma coisa") e até de raiva da pessoa que contou e que, com isso, desfez o seu castelo de sonhos de um relacionamento "perfeito".
Jogo da Amizade
Amizade, mesmo, genuína, é um processo de várias conquistas, de dia-a-dia, e não alguma coisa que se conquiste uma só vez. Principalmente entre “grupo de iguais” como eu chamo (e nesses grupos entram a turma da escola, da Faculdade, e às vezes do trabalho, na família já é um pouco mais complicado). Eu sei como um grupo pode ser cruel com alguém que está fazendo tudo que pode para se manter nele, não importando as consequências. O grupo sente que se é tão importante para aquela pessoa, ele é poderoso, e pode-se tornar tirano.
É preciso trabalhar para entender o jogo de convivência que acontece entre as pessoas e saber jogar direito para ganhar. Aliás, todos podem ganhar nesse jogo da amizade.
E vale quase tudo nesse jogo: só não vale ficar a procura de culpas e erros e, principalmente colocá-los em alguém. Nem em nós mesmos. Porque culpar não resolve nada.
Outra regra que faz com que se fique parado “no tabuleiro desse jogo” e não andar para frente na situação é ficar adivinhando o que há por trás dos olhares e das meias palavras: adivinhação não combina com diálogo verdadeiro, porque cada um tem sua própria visão do que o outro acha e pensa, e isso pode causar mal-entendidos. Há que lembrar a frase: ”Cada cabeça sua sentença” Fale, pergunte, esclareça, e se a resposta não ficou clara, pergunte de novo! Não tenha medo de deixar as coisas claras, só assim temos a oportunidade de mostrar que nada temos a esconder e que o afecto é verdadeiro. Mas deve-se tomar cuidado com a competição, que pode fazer com que o grupo chegue a um impasse. Há lugar para todos, se a amizade for verdadeira. Se alguma vez você já sentiu o gostinho amargo de ter perdido amigos, sabe que é melhor tentar manter os amigos junto de si, do que perder a afeição de todos por uma competição ou inimizade entre duas apenas…ou por um acto irresponsável!!!!

sábado, outubro 14, 2006

Na Holanda


Na Holanda para conhecer o priminho...

sexta-feira, outubro 13, 2006

Botões de Rosas...

Colham botões de rosas enquanto podem,
O velho Tempo continua voando:
E essa mesma flor que hoje lhes sorri,
Amanhã estará expirando.

O glorioso sol, lume do céu,
Quanto mais alto eleva-se a brilhar,
Mais cedo encerrará sua jornada,
E mais perto estará de se apagar.

Melhor idade não há que a primeira,
Quando a juventude e o sangue pulsam quentes;
Mas quando passa, piores são os tempos
Que se sucedem e se arrastam inclementes.

Por isso, sem recato, usem o tempo,
E enquanto podem, vivam a festejar,
Pois depois de haver perdido os áureos anos,
Terão o tempo inteiro para repousar.

quinta-feira, outubro 12, 2006

Vagão de vozes...

Eu não falo por mim.
Sou apenas o vagão da frente do trem,
Carrego atrás muitas mulheres
E suas vozes me falam...
Muitas almas presas
Mulheres tímidas
Desencontradas...
Vagando como eu.
Em busca de respostas...
Amor, liberdade e coragem.
Eu grito mil vozes de mil almas
Grito vivências, quereres...
Eu expresso o que sinto
Não queres ouvir tapa os ouvidos
Pois eu não minto.
Não sou mulher pequena e silenciosa
Que cabe em qualquer cantinho...
Não sou mulher de sorrisinhos
Eu danço pelo salão
Quero todos os cantos
Quero sorrisão...
Aquele que vai de uma orelha a outra
Quero rir sempre.
E se chorar, não chorarei sozinha
Muitas chorarão comigo.
Todas as mulheres do vagão.

by Carolina Salcides

terça-feira, outubro 10, 2006

LEE RYAN LYRICS "When I Think Of You"

Youre my past, my future,
My all, my everything,
My six in the morning when the clock rings
and i open up my eyes to a new day
My Laughs, my frowns
My ups, My downs
Its a feeling that you get when you know that somethings true,
When i think of love i think of you
Im looking at you while your sleeping here beside me,
Oh, mere words cant explain the love i have inside
Its more than just a physical thing, i knowIts something like a spiritual connection
I feel it in my soul heart and mind
The sweetest thing is what you are
From you, I'll never be to far,
Please say forever you will stay beside me
Your beautiful like the colours of the rainbow
Warm heated like the rays of the sun on summer days
All i got to do is look into your eyes to lose myself
Your the substance of my dreams, epitomy of women
The only one i truly call mine
Oohh when i think of love i think of you
Baby i love you, baby i need you..

segunda-feira, outubro 09, 2006

Nasceu o meu priminho Holandês !!!

09 october 2006 at 18:45 Paula delivered a healthy son. He weighs 2385 grams.His name is “Kai Ruben Francisco Araujo Bloemers” (33 weeks)

sexta-feira, outubro 06, 2006

vamos...

Simplesmente...

Se tivesse a coragem,
por um dia que fosse...
De dizer que sim..
De sair por aí, perder-me num corpo estranho,
perder o pudor, deixar-me levar.
Se tivesse a coragem...
Hoje, talvez hoje.
Talvez hoje deixe de lado a vergonha.
Talvez hoje deixe que a tentação me leve por caminhos de suores,
de toques, de sensualidade à flor da pele.
Hoje que o dia está morno e que cá por dentro só queria libertar o desejo,
o prazer, os orgasmos, o delírio, os gemidos.
Seguir viagem contigo...
por caminhos incertos levando no corpo a vontade deserta de ti.
Sem querer pensar se depois tudo irá terminar.
Sem pensar onde essa estrada nos irá levar.
Esquecer o mundo e partir.
Simplesmente.
Chegar-me a ti.
Tocar-te.
Beijar-te.
Sentir-te.
Deslizar o corpo suado no teu,
procurar-te a lingua, querer-te em mim.
Olhar-te e ver-me nua no teu olhar.
Ter as tuas mãos cheias que agarram a pele que grita que já só se quer rasgar...
Sentar-me no teu regaço,
unir a humidade dos corpos que gemem baixinho por tesão reprimido,
dizendo-te ao ouvido que te quero.
Quero-te sem passado, sem história, sem mágoas nem tristezas.
Quero-te apenas.
Simplesmente.
Hoje vou perder-me por aí...
talvez adie há tempo demais a vontade que me corrói por dentro,
devagar.
Mas amanhã pode ser tão tarde...
Porque não hoje?
Deixar-me levar.
Cansar o corpo,
dar descanso à alma povoada por pensamentos satânicos...
Hoje... hoje farei amor contigo ( e amor faz-se? ou constrói-se?)
Será hoje...
Dizer que sim.
Perder-me.
Entregar-me.
Encontrar-me.
Simplesmente.

quinta-feira, outubro 05, 2006

segunda-feira, outubro 02, 2006

Nós somos assim

O amor é formado de uma só alma, habitando dois corpos.