e eu não vou ter paciência para ouvir, de novo, de um lado e de outro, posições extremadas.Nestas matérias de valores individuais, de valores morais, o bom senso nunca impera. Caso este referendo opte pelo sim, na prática, pouco muda na vida das mulheres. As que optarem por fazer um aborto continuarão a fazê-lo. As que não o quiserem fazer, não farão. Mas muda uma coisa importante. Quem tiver de fazer um aborto, pode fazê-lo de uma forma digna. Não vai necessitar de telefonar a marcar "o tratamento", responder a perguntas codificadas, tudo no maior dos segredos como se tivesse a transaccionar uma qualquer mercadoria ilícita. Pode chegar e sair da clínica, sem ter de olhar para trás, por cima do ombro. Pode pagar com cheque ou cartão, ao invés daquele molho de notas que não deixa rasto. O que se pretende, com este referendo, é descriminalizar. E deixem-se de hipocrisias, senhores deputados. Podem escrever na pergunta do referendo ABORTO em vez de Interrupção Voluntária de Gravidez ou LIBERALIZAÇÂO em vez de despenalização. Os eleitores sabem o que querem e não se deixam enganar. O anúncio, hoje, exactamente hoje, da possível abertura de uma filial da Clínica dos Arcos em Lisboa, também não me parece isenta de segundas intenções. Até já estou a ouvir - " Vai começar a carnificina, ao abrigo da lei."
A pergunta que se propõe para o referendo é:Concorda com a despenalização da interrupção oluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras dez semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?
SIM
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