Se tivesse a coragem,
por um dia que fosse...
De dizer que sim..
De sair por aí, perder-me num corpo estranho,
perder o pudor, deixar-me levar.
Se tivesse a coragem...
Hoje, talvez hoje.
Talvez hoje deixe de lado a vergonha.
Talvez hoje deixe que a tentação me leve por caminhos de suores,
de toques, de sensualidade à flor da pele.
Hoje que o dia está morno e que cá por dentro só queria libertar o desejo,
o prazer, os orgasmos, o delírio, os gemidos.
Seguir viagem contigo...
por caminhos incertos levando no corpo a vontade deserta de ti.
Sem querer pensar se depois tudo irá terminar.
Sem pensar onde essa estrada nos irá levar.
Esquecer o mundo e partir.
Simplesmente.
Chegar-me a ti.
Tocar-te.
Beijar-te.
Sentir-te.
Deslizar o corpo suado no teu,
procurar-te a lingua, querer-te em mim.
Olhar-te e ver-me nua no teu olhar.
Ter as tuas mãos cheias que agarram a pele que grita que já só se quer rasgar...
Sentar-me no teu regaço,
unir a humidade dos corpos que gemem baixinho por tesão reprimido,
dizendo-te ao ouvido que te quero.
Quero-te sem passado, sem história, sem mágoas nem tristezas.
Quero-te apenas.
Simplesmente.
Hoje vou perder-me por aí...
talvez adie há tempo demais a vontade que me corrói por dentro,
devagar.
Mas amanhã pode ser tão tarde...
Porque não hoje?
Deixar-me levar.
Cansar o corpo,
dar descanso à alma povoada por pensamentos satânicos...
Hoje... hoje farei amor contigo ( e amor faz-se? ou constrói-se?)
Será hoje...
Dizer que sim.
Perder-me.
Entregar-me.
Encontrar-me.
Simplesmente.
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