segunda-feira, dezembro 10, 2007

Desisti de compreender, Para passar a aceitar.

Desisti de compreender, Para passar a aceitar.
Não podemos exigir demasiado das pessoas
que não estão preparadas o suficiente Para conseguirem aceitar e avaliar de forma fidígna,
tudo aquilo que temos Para entregar.

Podem inventar equações múltiplas,
teorias sobre a lei da relação que se faz com base em distância e liberdade,
que não há nada que esconda a limitação do próprio consciente.

Quando dizemos que gostamos de alguém,
a maior parte de nós,
não compreende a multiplicidade de reacções que provocamos no destinatário,
nem de resto, isso nos importa.
Até porque ninguém quer saber dos sonhos que o parceiro do lado tenta alcançar.
Somos sempre egoístas o suficiente,
Para pensarmos naquilo que temos e naquilo que podemos vir a ter,
ao invés daquilo que podemos dar.

Durante tempos,
julguei não ter quantidade ou qualidade suficiente Para entregar
a uma relação baseada em afecto físico e emocional
e por isso mesmo não permiti a mim mesma uma segunda oportunidade.
Errar custa-me,
ainda que aprenda com isso, o suficiente Para voltar a seguir a mesma lógica,
ainda que por um período muito mais curto.

Queria voltar a ser adolescente novamente e a conseguir perspectivar esse sonho que tanto abraço como sendo meu.
Há pessoas que passam e não deixam marca,
apenas porque não arrancam uma impressão segura daquilo que somos.
Por isso mesmo é preciso escrever, gritar, explodir.
Contar as estrelas,
conjecturar novas constelações e deixarmo-nos perder no espaço.
Eles que saibam que o valor que temos é um dado adquirido e que por isso mesmo,
não é o facto de nos sentirmos usados que vai alterar esse facto,
apenas nos envaidece e nos torna mais corajosos e dignos.
Aceito que nem toda a gente mereça aquilo que tenha Para dar,
que sei agora ser suficiente Para fazer alguém vomitar de tanta felicidade.
É algo que não posso deixar de me sentir entusiasmada e ansiosa,
já que quando chegar o momento certo, eu vou ter realmente muito Para oferecer.
Tudo se resume à intensidade que depositamos no momento em que nos entregamos,
no qual a coerência não entra e muito menos a frieza desumana.
Queremos todos o prazer agarrado à tesão fácil e indiscriminada,
noites sem fim a acordar sem perceber muito bem onde,
valores que são suprimidos e encolhidos,
auto-estima baixa em demasia, orçamentos vazios em compaixão ou ternura.

Passei a aceitar
então isto mesmo e que por isso mesmo,
gosto cada vez mais de mim.

Talvez porque faço da sinceridade
a palavra fundamental
no decorrer da minha vida,
porque me acompanha desde a minha fundação
e que é nisso que reside uma das minhas maiores características.

Acima de tudo,
estou feliz por estar convicta daquilo que sou,
daquilo que quero
e espero daqueles que me acompanham
e que aquilo que tenho Para dar
é mais do que aquilo que a maior parte tem porque merecer.

É nesta deambulação de palavras e registos,
que admito que por isso mesmo,
não me posso sentir culpada
por algum dia me ter entregue a quem nunca valeu a pena.

Quando se gosta, mostra-se, entrega-se, preserva-se.
É um acto inerente à condição humana
e não há como lhe dar a volta.
Podemo-nos enganar,
inventar mentiras estreitas e perfeitas
sobre o fim de algo que nunca começa na verdade,
que no fim,
os sonhos hão-de ser os mesmos,
em todos os lugares.

Fica tanto por dizer,
tanto por explicar
e ainda assim,
tanto que aceitei,
mesmo sem ter sido preciso escutar.
A perspicácia acompanhada com um grande orgulho na pessoa que me olha,
cada vez que me vejo reflectida no espelho
mostra a pessoa segura que sou,
excepto quando sei que percorro um caminho sozinho e às escuras,
quando era tudo menos aquilo que se pretendia.

A maior parte, ainda não ultrapassou o complexo “Dirty Harry” e por isso mesmo,
só dá valor àquilo que tem, quando já estamos sozinhos e sem rasto de coisa nenhuma.
Não sabemos o que é gostar e por isso mesmo, agarrámo-nos à primeira pessoa que com um toque de retórica e bom gosto nos parece ser o desbravador de um novo tipo de sensações.
Não há dúvida persistente,
apenas certeza de ter finalizado aquilo que
noutra circunstância teria durado tempos indeterminados
e tempo não é algo que se possa desperdiçar
com quem não tem condições intra-pessoais Para o gastar,
seja com quem for.

O que me confunde mais é a cobardia,
misturada em vontade de arquitectar um sentimento indesejado no destinatário.
Isso não compreendo nem aceito,
seja de que remetente for enviado.
O que me irrita mais é a tristeza disfarçada de comiseração
e vontade de foder tudo e todos, sem aviso prévio.
Há aqueles que ficam tristes,
consumidos pela sua própria tristeza,
quando tiveram tudo Para se verem livres dela.
Foi esta a minha maior luta
e talvez seja altura de desviar o padrão
e constituir um novo rumo à empresa que tanto se anuncia.
Como sou inteligente, estive sempre consciente do que tinha Para enfrentar,
assim como estou consciente agora que abandono,
sem qualquer tipo de dúvidas na minha consciência.
Até porque dúvida é algo que não existe, quando gostamos de alguém.
Tudo é certo e conciso e eu não me licenciei em Orientação de Sentimentos,
apesar de ser algo aliciante, mas que cada vez mais me faz perder a paciência
e correr Para outro curso, com outra turma,
a ver se desta vez os trabalhos de grupo são mais eficazes e as dúvidas não existem
Caetano Veloso é que tinha razão
e eu também só vou “gostar de quem gosta de mim”, conscientemente.
Tenho a facilidade inerte de abandonar
quem é portador de enfermidades contagiosas
ou simplesmente
quem não sabe receber a força que tenho e que transporto comigo.
Muito Para além disto,
não há nada que se possa repetir,
apenas porque eu não quero.
Descobri que gosto demasiado de mim Para me deixar tomar por algo
que não me preenche ou me satisfaz na totalidade.
Tenho consciência que é não é fácil encontrar alguém que queira partilhar comigo o meu sonho, mas que é por isso mesmo que não há pessoas especiais em todas as páginas dos livros que encontramos, numa biblioteca qualquer.

A felicidade maior,
é conhecermo-nos o suficiente Para compreendermos as nossas limitações
e a nossa motivação máxima.
Não há benefício maior do que esse
e provavelmente algo que me satisfaça tanto,
enquanto constituinte de um colectivo de massas,
com um pensamento cada vez mais uniformizado.
Por isso mesmo, isto é algo
escrito Para mim e por mim.

A segurança voltou, apenas porque tudo está como devia ser.

Há coisas que nunca serão nossas
e por isso mesmo,
não há motivo para nos sentirmos tristes,
quando nunca fizemos algo
para não o estarmos, de facto.

2 comentários:

Anónimo disse...

Numa das minhas visitas “bloguistas” ao itinerário de blogs que insistem em permanecer nos meus favoritos, deparei-me com este longo texto. E quando dizem que quantidade não é sinónimo de qualidade, então vamos ter de abrir aqui uma excepção. É desta forma que sinto uma enorme tentação de escrever também eu, umas palavrinhas.

Sabes que para mim não é fácil falar de sentimentos, e raramente o faço, mas hoje parece que é o dia das excepções!!!! Para que não te sintas só ou triste, deixa-me dizer-te que partilho contigo alguns dos teus desabafos. Talvez por também já ter vivido situações semelhantes (apesar de saber k isto não te vai ajudar em nada, porque com a dor dos outros podemos nós bem...)!!

É mais fácil encontrar uma agulha no palheiro do que encontrar um verdadeiro amor, daqueles que nos faz cometer as maiores loucuras, sem nada esperarmos em troca. Onde andará tal Amor????
Dificil de achar, né??? Mas nem tudo é fácil...

É difícil fazer alguém feliz, assim como é fácil fazer triste.
É difícil dizer eu te amo, assim como é fácil não dizer nada
É difícil valorizar um amor, assim como é fácil perdê-lo para sempre.
É difícil convencermo-nos de que somos felizes, assim como é fácil acharmos que sempre falta algo.
É difícil fazer alguém sorrir, assim como é fácil fazer chorar.
É difícil entregar-se? Mas quem disse que é fácil ser feliz?
Nem tudo é fácil na vida...Mas, com certeza, nada é impossível
Precisamos acreditar, ter fé e lutar
para que não apenas sonhemos, mas também tornemos todos esses desejos,
realidade!!!

“Há coisas k nunca serão nossas???” Talvez... mas o que tiver que ser nosso, a nós virá. Se não vem é porque realmente nunca precisamos delas!

Quem sou Eu? Já deves saber quem sou...
bjs

Gil Duwens disse...

Sabes, eu não procuro saber as respostas, procuro tentar compreender as perguntas. O que mais nos interessa saber, não é se falhaste mas se soubeste aceitar a falha. Qualquer pessoa pode assanhar-se. É fácil. Mas assanhar-se com a pessoa certa, no grau certo, no momento certo, pela razão certa e da forma certa - isso não é fácil. A verdade não faz tanto bem neste mundo como as suas aparências fazem mal.
Nunca te esqueças da máxima que “As mulheres podem ser adoradas ou abandonadas.”
No fundo o grande problema é que passamos metade da vida à espera daqueles que nos ame e a outra metade a deixar os que amamos.
E para terminar, continuo a achar que a felicidade é um problema individual. Aqui, nenhum conselho é válido. Cada um deve procurar, por si, tornar-se feliz e esquecer o passado, porque este não volta mais.

Um beijo e até sempre do teu ex-primo.

Gil